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domingo, 30 de abril de 2017

encurralado dublado completo



Homem de negócios (Dennis Weaver) dirige sozinho em uma estrada secundária, quando de repente se vê perseguido por um motorista de caminhão (Lou Frizzell). Depois de algum tempo, ele chega a conclusão de que aquele homem pretende matá-lo.

Apanhado geral.

          Na mais importante revista da America latina, O Cruzeiro, um apanhado de críticas sobre os lançamentos da época, 1952, sob a óptica do colunista José Amádio.


          Bette Davis
          Aposente-se, senhora.

          Por que não aposentam Bette Davis? Por que ela própria não desiste? Por que não se entrega a realidade do tempo? É antes de tudo um espetáculo triste a gente constatar a agonia física e artística daquela que foi princesa da tela. Bette está causando engulhos aos seus fans de outrora. Seus olhar saltado, que antes impressionava, agora constrange. Sua pele, louçã em tempos idos, agora lembra pergaminho. Sente-se a batalha do make-up contra as rugas.  É algo quase sonoro, gritante. Onde está a Bette de ´´Servidão Humana´´? Em que caminhos do mundo se perderam os encantos daquela inesquecível Mildred? A velhice, em si, é um quase nada, uma circunstancia desagradável, digamos. O drama, para uma mulher, é não aceita-la. Está certo que lute, que se esforce mesmo para afastar de si as garras do tempo. Mas tudo tem um limite. Por isso, se eu estivesse ao lado de Bette, diria apenas:
          - Entregue-se.
          Em todo o caso, se o leitor discordar desta ladainha, vá ver o filme intitulado 'Mulher Maldita' (Another Man's Poison), um irritante melodrama, e verá se não tenho razão.


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          O convite (The Invitation), da Metro, tem suscitado os mais desencontrados comentários. Para uns, é ''um grande filme''; para outros, ''uma grande droga''. Resolvi fazer uma pequena enquete com cinco pessoas conhecidas, à porta do Metro Copacabana. Eis os resultados:
          De um brotinho:
          - Adorei!
          De um médico:
          - Boazinha a fita, mas não se pode determinar com precisão a morte de um doente cardio-mitral.
          De um ''playboy'':
          - O van fez um ótimo negócio. Eu faria o mesmo.
          De uma senhora cinquentona:
          - Emocionante! Vou ver de novo!
          De um crítico cinematográfico:
          - Um dramalhão barato.
          E agora? Concordar com quem? A película, indiscutivelmente, foi feita para o grande público. Possui todos os temperinhos capazes de agradar ao fan. Diverte, prende e emociona. Sob o aspecto cinematográfico , (já que a função do crítico é encarar o cinema como arte), é fraquinha, débil como a própria vida da heroína. Entretanto, o clima não chega a irritar, tanto mais que Dorothy MacGuire apresenta outros de seus habituais grandes desempenhos. Os coadjuvantes Louis Calhern e Ruth Roman também estão perfeitos em seus papéis. Van Johnson é o menos convincente, embora muito se esforce. O diretor Gotried Reinhardt revelou-se um bom condutor de atores. O resto, fica por conta dos argumentistas Paul Oborn e Monica Gallagher. A musica de Bronislau Kaper é oportuna; boa a fotografia de Ray June.

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          Ainda Há Sol Em Minha Vida (the blue veil) é uma película que vale, principalmente pelo desempenho de Jane Wyman. A história de François Campeaux cenarizada por Norman Corvin age na plateia como uma poderosa bomba de gás lacrimogênio. Um veterano fan de cinema informou-me que nunca vira tanto choro desde a exibição no Brasil, de Stela Dallas, A Mãe Redentora. Na verdade, a cronica suave e humana de uma jovem que perde o marido na guerra (de 14) e logo em seguida o filhinho, e resolve depois disso dedicar-se a criar filhos alheios, foi apresentado à tela com muita singeleza pelo diretor Curtis Bernhar'dt. A película compreende quatro aventuras diferentes vividas pela personagem principal. Curtis houve-se muito bem na condução desses retalhos de vida e, na verdade, não faz muitas concessões. O filme é bom e digno de aplausos. Merece ser visto. Entretanto, aqui vai um conselho: - Se você é um chorão (ou chorona) muna-se de um lencinho e prepare os olhos, porque lágrimas não faltarão. No elenco, figuram, Charles Laughton, Agnes Morehad, Joan Blondel, e outros. Produção de Jerry Wald e Norman Krasna (RKO) com música de Franz Waxman e fotografia de Franz Planer.

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Extraído de O CRUZEIRO, edição 13, ano IX, 13 de setembro de 1952.