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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cine-Revista, por Carlos Gaspar(O Cruzeiro, 3 de outubro de 1953)

          HEROÍNAS E BANDIDOS (Donne e Briganti) - Todos ainda se lembram de "Fra Diávolo", porque, apresentando a voz de Dennis King ao lado da beleza (que saudades!) de Telma Todd, mostrou-nos ainda Stanley Laurel e Oliver Hardy nos bons tempos em ninguem lhes arrebatava o primeiro lugar em comicidade. Naquela película da Metro, vimos um Fra Diávolo bandido, salteador audacioso, para quem os lordes perdiam as sua fortunas e ladies...os seus corações. agora, Mário Soldati resolveu aproveitar também o tema muito embora sob ângulo completamente diferente do escolhido pela ôpera cômica de Auber. Contou para isso com a figura hercúlea de Amadeo Nazzari, que já se destacara em "flagelo de Deus" (Il Briganti Mussolino) e com alguns artistas franceses, entre os quais Jacqueline Piereux, apresentada como a dona das mais belas pernas da França, o que, álias, não é possível constatar, porque ela pouco aparece. Para a filmagem dos exteriores, Soldati escolheu os próprios bosques onde o legendário Diávolo teria feito das suas. Nazzari vive a figura do rude caçador Michele Pezza, que mantém firme um namoro iniciado na infância com a jovem Marietta (Maria Mauban) cujo pai todo mundo crê seja um camponês, mas, na realidade, é o próprio (e imbecílissimo) Rei Ferdinando IV. É o tempo em que a Itália é invadida pelos franceses (século dezoito) e o caçador pezza, que se recusa a alistar-se como soldado, foge para os bosques, onde surpreende o avanço dos soldados franceses. Disfarçado de frade, inicia então o sistema de guerrilhas, de golpes de mão, o que lhe vale o apelido de Fra Diávolo. Faz com que as tropas invasoras sofram repetidos reveses. Muitas aventuras se seguem e algumas desventuras também, porque o falso irmão da jovem Marietta Conspira e acaba por trair o audaz guerrilheiro. Finalmente, a paz é assinada e o filme caminha para o Happy end. Como se vê, trata-se de uma história mais ou menos idêntica a uma interminável série de outras já apresentadas pelo cinema. Diávolo é o que se poderia chamar a versão italiana de Robin Hood. Assim, o díficel seria oferecer algo de novo, algo de interessante, quando o tema, apesar de vasto, já foi tão explorado. Todavia, Mário Soldati consequiu isso, transformando "heroínas e bandidos" num filme que pode ser assistido sem que as pálpebras do espectador clamem a todo instante por repouso.
          JOGUEI MINHA MULHER (Let's make it legal) é um filme tipicamente americano. Robert Bassler, que já nos dera antes aquêle "Na cova das serpentes", produziu-o, enquanto a direção esteve a cargo de Richard Sale. A veteraníssima Claudette Colbert aparece no papel de uma avó, casada há vinte anos, que ainda se dá o luxo de competições roamânticas. Êsse simples fato já seria ridículo. Mas o diretor foi além, muito além, sob o pretexto de fazer rir, arte muito difícel, convenhamos. E Macdonald Carey personificou o marido de Claudette, jogador inveterado, maniaco por jardins e roseiras. A espôsa, por causa disso, resolve divorciar-se. Exatamente nesse momento, surge o antigo namorado (Zachary Scott), solteirão cobiçado, com quem Claudette reinicia o romance. O marido faz o possível para evitar que sua espôsa o abandone e, depois de outras tentativas infrutíferas, recorre até mesmo aos decantados e nunca por demais elogiados encantos de Marilyn Monroe. Pois o solteirão não dá atenção à loira, preferindo a balzaquiana Claudette, o que causa ao público (e talvez haja causado também ao galã) um certo mal-estar. Finalmente, a vovó romantica descobre que o marido a "ganhou" num jogos de dados, e ainda mais se revolta contra ele. Mas, depois da prova de que nesse jogo houvera fraude, desiste do divórcio, que a esse tempo já havia sido concedido, e do novo casamento como é óbvio. É esse o epílogo, que sucede a varias complicações de que participam a filha de Claudette (Barbara Bates) e seu marido (Robert Wagner), ambos inexpressivos. O que ainda se salva é a própria Claudette, apesar dos pesares. Quanto a Marilyn Monroe, aparece apenas em uma ponta, sem oferecer, portanto, margem para outros comentários, que não os usuais.

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